A religião é um dos objetos mais complexos já que como fenômeno humano, ela é ao mesmo tempo um fenômeno experiencial, psicológico, sociológico, antropológico, histórico, político, teológico, filosófico, e sobretudo extremamente subjetivo, ou seja, só a própria pessoa é capaz de sentir em si própria. A religiosidade, é uma das dimensões mais marcantes e significativas (doadora de significado) da experiência humana, uma forma de ordenação da vida que auxilia indivíduos nos momentos de grande sofrimento humano e de grande impacto, como quando se perde pessoas próximas, quando se descobre uma doença grave, momentos de incapacitação e morte. por essa razão, é de extrema importância que haja uma interlocução entre a saúde e a religiosidade.
O uso de conceitos de religiosidade e espiritualidade vem ganhando cada vez mais espaço nos estudos e pesquisas em saúde. Em razão da universalidade da experiência religiosa como um padrão de comportamento e estados mentais humanos, assim como alguns resultados que acontecem na vida das pessoas que muitas vezes não são explicados pela Ciência, surgiram muitos estudos nessa área, como por exemplo, a neurociência cognitiva. A relação entre saúde física e religião teve início no século XX, com Levin e Larsen (1997), quando esses pesquisadores começaram a questionar como as dimensões de uma vida religiosa poderia afetar a saúde e, como se poderia estudar a questão da causalidade entre essas duas vertentes.
Acredita-se que o envolvimento religioso promoveria comportamentos relacionados ou promotores de saúde e de estilos de vida os quais diminuiriam o risco de doenças, e aumentaria ma sensação do bem-estar. A religiosidade de certa forma impõe um estilo de vida mais "regrado", com "limites" , evitando vícios e comportamentos prejudiciais e anti-sociais, como por exemplo, menor consumo de álcool, tabaco, restrições de dieta com alimentação mais saudável. Existem muitas pesquisas que estudam os efeitos da religiosidade na prevenção do suicídio, da depressão, à redução no consumo de álcool, drogas, tabaco, etc.
Um dos maiores efeitos protetores promovidos pela religiosidade é o desenvolvimento da resiliência, a pedra fundamental que ajuda pessoas a superarem e se recuperarem de situações de grande dificuldade na vida, e que a religiosidade desenvolve à medida que ensina o ser humano a ter mais esperança, fé e paciência diante dos desafios da vida. Junto a isso, as comunidades religiosas colaboram aumentando os relacionamentos sociais, formando "redes de apoio social" que aumentam a capacidade dos indivíduos em lidar com dificuldades e estresse (coping), além de evitar o isolamento.
A religiosidade cultiva também valores e comportamentos benéficos ao ser humano e ligados ao caráter e a alguns códigos de conduta, como a compaixão, a paciência, a solidariedade, o autocontrole, o senso de justiça, a gratidão, o perdão, a prudência, o respeito, a moderação e vários outros, além é claro, do mais importante, que é a FÉ. Além dos valores intrínsecos, a religiosidade também gera impactos no bem-estar das pessoas em virtude de cultos e rituais que muitas vezes geram um conforto e acalmam a mente do indivíduo, contribuindo para um equilíbrio no estado emocional.
Assim, existe uma tendência cada vez maior no mundo da Ciência de se pesquisar mais a fundo os efeitos da religiosidade na saúde física e mental, afim de entender de que modo a religiosidade e a espiritualidade impactam a vida de uma pessoa.